Sobram candidatos para sacudir a ‘zona de conforto’ de Adolfo Menezes na Assembleia

Bahia

por Fernando Duarte

Sobram candidatos para sacudir a 'zona de conforto' de Adolfo Menezes na Assembleia

Foto: Jefferson Peixoto/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

Há quem diga que falta muito tempo para a eleição da presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Não é o que sugerem as mobilizações de bastidores e algumas até públicas, divulgadas tangencialmente por deslizes alheios. Tal qual a disputa no Senado e na Câmara dos Deputados, o embate no Legislativo baiano promete esquentar os ânimos, pelo menos até que haja a ação dos bombeiros de plantão. E cada movimento feito precisará ser bem calculado, sob o risco de ver toda uma estratégia naufragar.

 

Até aqui existe apenas uma candidatura natural ao posto, a de Adolfo Menezes (PSD), fruto do acordo avalizado pelo governador Rui Costa ainda em 2018 e que, supostamente, garantiu a ele a preferência para comandar a AL-BA no próximo biênio. Porém o socialdemocrata estacionou na zona de conforto e isso abriu margem para que movimentos contrários acontecessem. A própria tentativa – fracassada, admitamos – de Nelson Leal (PP) se reeleger nasceu desse vácuo deixado por Menezes.

 

Com tanto espaço, o candidato do PSD começa a ver emergir outras apostas na disputa. Nelson Leal, que participou do acordo há dois anos, estaria citando Victor Bonfim como uma opção. Ele se articulava nos bastidores até o recém-chegado Ângelo Almeida (PSB) dar com a língua nos dentes. O resultado foi uma reação dos correligionários, articulada pelo ex-presidente Marcelo Nilo, que mesmo como deputado federal tem ascendência sobre a antiga Casa.

 

Adolfo era um dos fiéis escudeiros do ex-chefe do Legislativo baiano e apoiá-lo parece ser uma questão de honra para Nilo, ainda que isso signifique engolir a seco o PSD, considerado por ele como um dos responsáveis pela “rasteira” que elegeu Angelo Coronel em 2017. Antes mesmo da largada, Bonfim já começa com uma oposição expressiva e pode acabar inviabilizado pela trapalhada de quem o expôs. Tanto que, depois do episódio, o PP se apressou em lançar o nome de Niltinho como opção, mas algo bem insosso para ser viável no longo prazo. Talvez isso permita o surgimento de outros azarões, a exemplo de Fabrício Falcão (PCdoB), cujo nome também circulou nos bastidores.

 

Ainda na base do governador Rui Costa – mas com um pé na oposição -, o PDT decidiu “entrar” para a briga. Não parece ser uma alternativa muito viável a candidatura de Samuel Jr., porém a boa relação com a oposição pode gerar um burburinho importante politicamente. É um jogo de cena relevante, mas sem tanto impacto no tabuleiro de xadrez da Assembleia. A minoria é tão minúscula numericamente que não criaria o mesmo efeito que beneficiou Coronel no passado.

 

Falta pouco mais de um mês para a disputa e não há sinal de recesso no Legislativo estadual. Se não houver intervenção de Rui, os parlamentares podem se engalfinhar um pouco antes de chegarem a um entendimento. Até fevereiro, vai ser divertido assistir a tudo isso.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (21) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: SpotifyDeezerApple PodcastsGoogle Podcasts e TuneIn.

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