PP indica apoio à candidatura de Wagner em 2022 em troca de reeleição de Leal na Assembleia

Bahia

Considerado um dos partidos mais sagazes da base do governador Rui Costa (PT), o PP fez esta semana um gesto significativo, com uma antecipação de praticamente três anos, de apoio à eventual candidatura do senador Jaques Wagner (PT) ao governo em 2022 com o objetivo de conseguir, em contrapartida, uma sinalização positiva a um objetivo político mais próximo a que passou a dar importância máxima: a reeleição do deputado estadual Nelson Leal à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia.

A indicação de apoio a Wagner foi dada pela principal liderança do progressistas na Bahia, o vice-governador e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, João Leão, há três dias, paralelamente a sinalizações do PP ao PT e ao governo de que Leal pode ser candidato à reeleição na Assembleia com o apoio de grande número de colegas, necessários a aprovar o retorno do expediente na Casa, extinto por iniciativa do ex-presidente, o hoje senador Angelo Coronel (PSD).

O primeiro sinal de que o pleito do partido de Leão pode ser atendido foi uma declaração do deputado estadual Alex Lima, que, na condição de presidente interino do Legislativo, afirmou ser favorável ao retorno da reeleição na Casa. Lima é considerado na Assembleia um dos deputados mais próximos do governador, que com frequência o utiliza como interlocutor informal na relação com o Legislativo ou mesmo para mandar recados, mesmo que de forma indireta, à base.

Ontem, numa entrevista ao programa “Política na Mesa”, da TV Câmara, o deputado estadual Niltinho, pré-candidato do PP a prefeito de Salvador, acabou admitindo, em momento de descontração, que dificilmente o presidente interino da Assembleia daria uma declaração de impacto como a do apoio à aprovação da reeleição para a mesa diretora do Legislativo sem ter tido uma conversa prévia sobre o assunto com o governador do Estado, a quem costuma frequentar no Palácio de Ondina.

O projeto do PP de reeleger Leal coloca um desafio para Rui porque implica no descumprimento de um acordo com o PSD, outro partido importante do consórcio governista liderado pelo PT no Estado, pelo qual a legenda do senador Otto Alencar indicaria o deputado estadual Adolfo Menezes para suceder Leal na presidência do Legislativo baiano. Muito querido pelos colegas e respeitado no governo, Menezes pagaria o preço, no entanto, do prestígio obtido por Leal, no curso do mandato de presidente, junto a Rui.

De estilo bastante discreto, Leal teria se destacado desde o primeiro momento por uma atuação à frente do Legislativo muito mais cooperativa com o governador, considerada muito diferente da de Coronel, que, com extrema habilidade política, tensionou ao máximo a relação com o governo até receber a sinalização de que poderia ser escolhido candidato a senador na chapa com que Rui disputou e ganhou a reeleição, no ano passado.

Além disso, o atual presidente da Assembleia tem se mostrado um gestor extremamente cauteloso, buscando sanar as dificuldades financeiras do Poder em completa sintoniza com a administração estadual, o que, conforme avaliam deputados da oposição e do governo ouvidos por este Política Livre, é uma atitude que só o aproximou do governador .”O governador sabe que conta com um aliado que continuará disposto a ajudá-lo no comando do Poder”, diz um outro deputado do PP sobre Leal.

Ele se refere ao fato, inclusive, de que, na hipótese de se reeleger, será Leal que estará à frente da Assembleia, portanto, em posição de extrema importância para o governo do ponto de vista político, no momento da sucessão estadual. Além de Rui, o próprio PP terá que administrar o impacto de seu pleito no relacionamento com o PSD, com o qual tem se envolvido em episódios de grande disputa de poder em todo o Estado, inclusive na busca por filiar mais prefeitos do que o partido de Otto, visando seu fortalecimento em 2020.

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