Medo da Covid-19 mudou modo de locomoção, conclui CNT; Salvador prepara adaptação

Bahia

por Jade Coelho

Medo da Covid-19 mudou modo de locomoção, conclui CNT; Salvador prepara adaptação

Foto: Romildo Jesus/Secom

A pandemia do coronavírus mudou a rotina de muita gente e a relação das pessoas com diversos serviços. No tema locomoção, ela evidenciou a busca por formas alternativas ao transporte público. O dado consta na pesquisa “Mudanças no setor de transporte pós-Covid-19”, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada no fim de julho.

 

Uma das conclusões da entidade é de que a o receio da contaminação interferiu na priorização de deslocamentos por meios de transporte em que não há a necessidade de compartilhamento de espaços fechados, a exemplo dos ônibus, vans e metrôs.

 

O documento destaca que o uso de bicicletas e a procura pelo serviço de compartilhamento desses meios de locomoção cresceram neste período.

 

Em Salvador, a gestão municipal se antecipou e anunciou, em junho, que vai alargar calçadas e incentivar uso de bicicleta pela população. O anúncio foi feito pelo prefeito ACM Neto (DEM) ao apresentar o primeiro eixo, de um total de sete, do plano para estimular a economia da cidade, atingida pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

 

O gestor destacou que nesta etapa do projeto a intenção é investir em “soluções urbanas” para a cidade, com realização de intervenções urbanísticas de caráter temporário que serão adotadas pela gestão municipal. Entre elas, estão a ampliação de ciclovias e ciclofaixas, reordenamento de ruas para ambulantes e aumento do espaço para pedestre nas calçadas (leia mais aqui).

 

A necessidade de readequação dos espaços urbanos e reorganização das vias não são realidade apenas na capital baiana, a CNT pondera que as grandes cidades, que são, em geral, as mais atingidas pela Covid-19, obtêm suas vantagens econômicas e sociais justamente da alta densidade e da proximidade entre pessoas e locais de atividades. “Assim, a configuração das ruas e calçadas, em grande parte, não está adaptada às atuais recomendações de distanciamento social”, diz o relatório.

 

A confederação chama a atenção para o fato de que em longo prazo o abandono do transporte público não é uma alternativa viável. Nesse sentido a entidade acrescenta a importância de buscar formas de adaptar o transporte público à nova realidade imposta pelo vírus.

 

Entre as alternativas apontadas pela CNT para contribuir com a preparação do setor para o retorno à utilização dos transportes coletivos está uma já disponível em Salvador. O fornecimento de informações de chegada e partida dos ônibus para os passageiros, a fim de evitar esperas e aglomerações nos terminais.

 

Também é citado o desenvolvimento de aplicativos que possibilitem aos passageiros reservarem lugares no veículo quando necessitarem realizar um deslocamento. A CNT acrescenta que essa alternativa foi adotada em países como Itália, Reino Unido e África do Sul.

 

“Essas medidas também preveem que o passageiro possa acompanhar em tempo real a localização do veículo, contribuindo para a redução do tempo de espera nos ambientes públicos. Esse tipo de solução, em algumas ocasiões, tem sido chamado de transporte coletivo sob demanda”, explica o relatório.

 

Independentemente de quais sejam as soluções adotadas, a Confederação classifica a tecnologia como ferramenta que vai possibilitar o retorno à normalidade ou ao “novo normal” com segurança. Nesse sentido o relatório ainda cita a adoção exclusiva do pagamento eletrônico das tarifas (sem contato); e o uso de soluções que permitem controlar a lotação dos veículos.

 

A entidade ainda acredita em um legado deixado pela pandemia. “Essa capacidade de adaptação na forma de utilização dos recursos disponíveis,com o objetivo de assegurar a locomoção das pessoas e o transporte de bens, moldam um sistema de transporte resiliente e sustentável. Os aprendizados obtidos dessa experiência, se bem aproveitados, podem ser fundamentais para o enfrentamento de futuras crises, sejam elas causadas por algum outro evento biológico, ou por fenômenos climáticos extremos, por exemplo”, diz o relatório.

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