Cedeba retoma consultas presenciais, mas pacientes do interior ainda têm dificuldade

Bahia

por Mari Leal

Cedeba retoma consultas presenciais, mas pacientes do interior ainda têm dificuldade

Foto: Elói Corrêa/GOV-BA

Duas da manhã. É em média este o horário que Raul, de 13 anos, e sua mãe, Maria, iniciam a viagem de Amargosa, no Vale do Jiquiriçá, para a capital baiana quando o garoto tem atendimento no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba). A consulta geralmente é marcada para as 7h da manhã e o atendimento ocorre por ordem de chegada. O deslocamento, com retorno no mesmo dia, é feito no veículo disponibilizado pela Secretaria de Saúde do Município.  

 

Até março deste ano, quando os atendimentos presenciais foram suspensos por conta da pandemia, o descolamento ocorria a cada três meses. Raul foi diagnosticado com diabetes mellitus – tipo 1 – aos seis anos e, desde então, é acompanhado pela pediatria do centro de referência estadual. 

 

A realidade dos amargosenses é semelhante a de milhares de outros baianos acometidos pela doença, e que foram obrigados a interromper o acompanhamento regular, tanto pela necessidade de deslocamento de suas cidades para a capital quanto pelo fato de integrarem a faixa de risco à Covid-19, com maior facilidade de incorrer em quadros graves da doença pandêmica. 

 

O atendimento presencial nos ambulatórios do Cedeba já foram retomados, no entanto, a dificuldade de acesso à informação por parte de pacientes, sobretudo os que vivem no interior do estado, assim como a inexistência de uma sistema de contato ativo com os pacientes cadastrados, têm dificultado o retorno dos acompanhamentos. 

 

Pesa ainda a necessidade de retomada gradual. Ao Bahia Notícias, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou que, atualmente, a unidade opera com 50% da capacidade de atendimento, e estuda a possibilidade de ampliar para 70% em janeiro, mas tudo depende da evolução no quadro de expansão da Covid-19. 

 

Na última semana, 10 meses após o último atendimento presencial do filho, Maria resolveu buscar informações sobre o serviço, mas conta que teve dificuldade com o único telefone disponibilizado pelo setor. Angustiada por perceber um certo desequilíbrio nas condições físicas da criança, decidiu fazer contato com a Ouvidoria do SUS na Bahia. 

 

“Depois que liguei para lá que tive certeza de que o atendimento tinha voltado. Eles me passaram outro telefone de contato. Com esse novo número consegui contato, mas ainda não foi no setor de atendimento pediátrico”, conta. Durante a ligação, os dados da criança foram informados, e uma ida presencial ao centro foi sugerida pela atendente. Segundo ela, isso facilitaria a marcação. A mãe da criança chegou a mobilizar uma pessoa conhecida na capital para se deslocar até a unidade. 

 

Apesar da dificuldade, Maria conseguiu agendar o atendimento presencial para o filho com data para fevereiro de 2021. Celebrou ainda o fato de também ter recebido uma ligação da médica responsável pelo prontuário da criança em seguida. Durante o contato com a unidade de acompanhamento, a mãe relatou as condições atuais da criança, fato que gerou preocupação. 

 

A retomada dos atendimentos, no entanto, não se observa em todos os setores dedicados aos pacientes diabéticos. Segundo Maria, a família terá que custear exames laboratoriais e de especialidades oftalmológicas, acompanhamentos que são feitos de forma regular no tratamento das pessoas acometidas pela Diabetes. Maria é dona de casa e, por conta da pandemia, os serviços realizados pelo esposo, que é pedreiro, estão reduzidos. 

 

“O retorno do atendimento presencial vem sendo feito com muito cuidado, estando ainda em 50% – com previsão de ampliação para 70%, a partir de janeiro, mas dependendo do cenário epidemiológico no estado – e igual percentual pela Telemedicina”, informou a Sesab por meio de nota.

 

A diretora em exercício do Cedeba, Odelisa Matos, afirma que a unidade vem “seguindo as recomendações da Nota Técnica COE Saúde, de 16 de julho deste ano, que orienta sobre a necessidade de priorizar agendamentos de exames e consultas de forma não-presencial, evitando, assim , a exposição do paciente a Covid-19 nas Unidades de Saúde. E, agora, quando as estatísticas da doença sinalizam seu crescimento, esse cuidado é ainda mais necessário”. 

 

AGENDAMENTOS 

Segundo a nota, o agendamento de consultas e exames para usuários acompanhados no Cedeba está sendo feito por telefone e e-mail.

 

“O novo modelo de agendamento foi discutido e aprovado na reunião do colegiado no dia 26 de novembro. Agora o Cedeba está se estruturando para a mudança para garantir segurança e tranquilidade na migração. Vamos divulgar, oportunamente, os números dos telefones e endereços do e-mail, porque temos pacientes de toda a imensa Bahia.”

 

Segundo a diretora em exercício, a mudança é exclusiva para os usuários que são acompanhados no Cedeba. Já o encaminhamento de novos pacientes será feito exclusivamente através site do Telecedeba, ferramenta destinada ao suporte das teleconsultorias para os médicos da Atenção Primária à Saúde.

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