Mortes no trânsito: Acidentes com motos são responsáveis por quase 60% dos casos na BA

por Ailma Teixeira

Mortes no trânsito: Acidentes com motos são responsáveis por quase 60% dos casos na BA

Foto: Dict / Divulgação

Os acidentes de trânsito registrados na Bahia fizeram 24.479 vítimas fatais de 2009 a 2018. Desse total, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) indica que aproximadamente 60% das ocorrências foram com o uso de motocicletas. Por isso, o veículo sobre duas rodas será o tema principal do Simpósio Internacional Trânsito Seguro, que será realizado a partir das 8h30 desta terça-feira (15) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

 

Aberto ao público, o evento vai contar com a presença de palestrantes nacionais e internacionais, que vão debater estratégias para garantir a redução desses acidentes.

 

Titular da Sesab, o secretário Fábio Vilas-Boas explica que a atenção maior às motocicletas será feita porque as ocorrências com os demais veículos deixam menos sequelas. “O resultado de um acidente de moto costuma ser muito maior do que um acidente de carro, então nosso objetivo é reduzir a mortalidade e a gravidade deles inicialmente”, adianta em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Como exemplo, o secretário pontua que, especialmente no interior baiano, se usa pouco capacete e os motociclistas usam sandálias de dedo para pilotar o veículo. “Aí quando tem um acidente, a primeira coisa que é lesionada é o pé. Com torção e a pessoa fica sequelada para sempre”, exemplifica. Vilas-Boas cita ainda a indumentária do motociclista, “que precisa ser repensada”, e as irregularidades, como veículos ilegais e motoristas sem habilitação.

 

Diante desse quadro, a pasta compreende que é necessário um esforço conjunto entre diversos órgãos da gestão estadual e também dos demais níveis da administração pública. Considerando apenas os impactos na área da saúde, os acidentes de trânsito no geral são a causa de cerca de 40% das internações hospitalares na Bahia. De 2015 para cá, a Sesab afirma que essas despesas consumiram R$ 50 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

“Além de ser um problema econômico, ele é um problema social porque nós estamos vendo uma geração se transformar em pessoas sequeladas. Nós já tínhamos pautado esse problema, inclusive nacionalmente. Estamos em discussão com o Congresso, a Câmara, para reescrever o Código Nacional de Trânsito e passar algumas medidas que irão ajudar a reduzir o volume, mas, enquanto isso não acontece, nós decidimos aqui no governo do estado adotar medidas com o objetivo de coibir esse excesso de acidentes”, destaca.

 

A principal medida é a elaboração de um plano estadual, que visa reduzir em 20% as mortes e lesões por acidentes no trânsito. A ideia é integrar um pacote de medidas, ancorado nas ações prioritárias definidas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) – gestão da velocidade; projeto e melhoria da infraestrutura; fiscalização do cumprimento das leis de trânsito; liderança na segurança no trânsito; normas de segurança veicular; e sobrevivência pós-acidente.

 

Esse plano, inclusive, é fruto da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, que se encerra em 2020. A meta para os países que compõem as Nações Unidas era reduzir a mortalidade no trânsito em 50%, mas a organização admite que essa meta está longe de ser cumprida.

 

“O máximo que a gente conseguiu, em nível global, foi estabilizar, mas isso está longe de ser uma notícia boa porque o número ainda é muito alto”, reconhece Victor Pavarino, assessor de Segurança Viária da Opas. Um dos representantes da organização confirmados no seminário, ele ressalta que a realidade do Brasil não é muito diferente dos outros países. “Se a gente pensar nos últimos 10 anos, o país vem, sim, apresentando uma tendência de queda, mas isso está longe de ser satisfatório”.

 

Com essa mesma avaliação em mente, o secretário Vilas-Boas pontua que estão sendo pensadas ações de curto, médio e longo prazo com o apoio de instâncias governamentais de saúde, segurança e educação para adotar múltiplas medidas. A expectativa é de, em seis meses, já poder mensurar os efeitos das ações imediatas.

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